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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Garçom, O Carpaccio Está Frio...

A frase acima parece piada, mas de fato aconteceu num restaurante carioca... Long time ago.
Foi a gota d'água. O dono do estabelecimento, depois de ouvir essa tão, digamos, "excêntrica" reclamação do dessituado cliente, resolveu parar por alí e passou o bastão para seu filho, Pedro.
Foi o próprio Pedro quem me contou o episódio.
Pedro hoje é um grande empresário. Soube manter a qualidade do restaurante e tocar o negócio com maestria.
O restaurante virou um grande sucesso (merecido...) com algumas filiais na cidade.
Acho essa história, do equivocado cliente, a cara do Rio.
Uma pena, mas os cariocas, de uma maneira geral, não têm uma boa cultura na questão da gastronomia. Na música então, estamos ladeira abaixo, mas prefiro não me aprofundar nessa questão... Me azeda, e como o papo agora é comida, azedar é coisa que devemos evitar por aqui.
Fico tentando entender isso, afinal, sou carioca.
Aprendi o gosto pela boa comida em casa.
Minha avó, mineira, era uma chef de mão cheia. Sua comida era uma espécie de três estrelas Michelin da fazenda.
Quando íamos para Penedo, nas férias, seus quitutes eram o grande must, dia e noite. Empadinhas feitas com banha de porco, carne assada, feijãozinho gourmet e sopas de varios sabores, tudo muito bem feito.
Minha mãe passou as receitas da vovó Alice pra dna Maria, cozinheira da nossa casa em Ipanema durante quatro décadas.
Eu, ficava de ôlho nos trabalhos da Maria.
Meu pai me ensinou a beber e comer bem. Era um grande gourmand... Gostava do assunto, e me apresentou as especiarias de cada país, mesmo sem nunca ter viajado.
Sempre que podia, ele nos levava pra jantar nos melhores restaurantes do Rio: Hotel Ouro Verde, Antonino, Nino, Chalé Suíço e por aí vai.
Havia uma delicatessen perto de casa, a Dibraco, que era o nosso templo.
Naquela época, final dos anos sessenta, não existiam muitos lugares pra comprar um queijo port-salut ou um jamón ibérico, mas na Dibraco tinha. E meu pai tinha conta lá.. olha o perigo! Era um tal de pegar fiado, imagina...  Acho que isso ajudou a "quebrar a firma" do meu pai num certo período.
Mas, voltando ao papo da cultura em nosso país, já em São Paulo, talvez pela influência dos imigrantes italianos, o gosto pela comida é de nível bem mais alto que o nosso. Vejo isso lá, e em todas as camadas sociais. Qualquer boteco ou padaria em São Paulo preza pela qualidade.
Por aqui, a gente vê muitos restaurantes de quinta categoria com liquidez. Coisa mais esquisita... O ruin aqui, se cria.
Mas Alain... Pra que tantas divagações gastro-solitárias?
Acho que é porque, agora mesmo, enquanto tomava um gaspacho (avec sorbet à la mangue...) em minha casa, me lembrei da história do dessituado cliente do Gula Gula.
Com certeza, é o tipo de cara que reclamaria também da temperatura do meu gaspacho...
Melhor ligar a minha vitrola (sim, ainda tenho...) e ouvir um Köln Concert.

6 comentários:

  1. Caro Alain,

    Viajando pela internet cheguei a seu blog. Muito bacana - já me coloquei como seguidor e virei aqui mais vezes.
    Convido-o para conhecer o blog Jazz + Bossa + Baratos outros, cujo endereço é:
    www.ericocordeiro.blogspot.com
    Um fraterno abraço e até breve.

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  2. Érico,

    muito obrigado pelas carinhosas palavras.
    acabo de visitar o seu blog e também já estou seguindo.
    Gostei do assunto por lá, afinal, música é o meu ofício.
    um forte abraço

    Alain Gouste

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  3. Uhmmmmmmm i like i like i like!!!
    Come on http://selenia-levolchanel.blogspot.com
    Kisssssssssssssssssssssssss

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  4. Ciao Selenia,
    thank you very much for your kind words... grazie mile
    volte sempre por aqui
    bisouss
    ALain G.

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  5. Caboclo Alain
    a resenha esta quentissima!:)
    adorei!

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  6. Maneira matéria Alain!

    Sou fã do Pedro, da sua avó, da D.Maria e do seu Pai!

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