A troca de informações entre culturas é das coisas mais interessantes que o homem pode praticar no planeta.
Assim como na música, no cinema e em todas as artes, essa simbiose também acontece na gastronomia. E nossas papilas gustativas agradecem.
A Bahia foi a porta de entrada da cultura africana no Brasil e sem dúvida, a música brasileira não seria a mesma, sem essa troca... e nem nossa gastronomia.
Ja falei do acarajé, na postagem abaixo, e agora trago pra voce um dos pratos que mais gosto de fazer... E comer, bien sur... O bobó de camarão.
O bisque:
Comece fazendo o caldo... O bisque é a alma do bobó... Assim como no risoto italiano, fazer um belo caldo é a senha para um bom bobó.
Quando voce comprar os camarões (compre os vg...nada de crustáceos pequenos, por favor...), peça ao peixeiro pra reservar as cabeças pra voce. É com elas que voce vai fazer o bisque.
Numa panela, coloque um pouco de óleo e deixe esquentar bem. Despeje em seguida as cabeças e cascas dos crustáceos. Deixe fritar... Uma pitada de sal e um ou dois talos de aipo.. um pouco de alho esmagado (com casca e tudo..) Vai mexendo e curta o perfume que a essa altura ja deve ter envolvido toda a sua casa.
Assim que eles ficarem tostadinhos (antes de queimar, claro....) despeje a agua que voce ja tinha colocado na chaleira enquanto o refogado estava acontecendo... Seja generoso com a água.... Uma chaleira e meia, pelo menos.
Assim que eles ficarem tostadinhos (antes de queimar, claro....) despeje a agua que voce ja tinha colocado na chaleira enquanto o refogado estava acontecendo... Seja generoso com a água.... Uma chaleira e meia, pelo menos.
Raspe uma casca de laranja nesse líquido precioso e deixe reduzir em fogo baixo.
Numa outra panela, com azeite quente, debruce os camarões que ja estavam temperados com sal e pimenta do reino esmagada.
Frite um pouco e coloque duas cebolas cortadas em quadradinhos não muito pequenos nesse refogado. Dois ou três tomates sem cascas serão muito bem vindos também... Retire os camarões agora e reserve num recipiente qualquer... Continue trabalhando com o refogado.. Despeje um pouco do bisque e deixe que os tomates se dissolvam... Coloque mais um pouco do bisque e deixe reduzir.
O creme de aipim:
Gosto de cozinhar o aipim na panela de pressão... É pratico e leva menos tempo.
Quando eles tiverem cozidos (espero que o seu feirante apresente um aipim de qualidade...), retire a água e bata no liquidificador com um pouco do bisque e uma garrafa de leite de coco... Coloque um pouco de sal e coentro também.. Bata tudo até que se transforme num creme grosso e homogêneo.
Volte com os camarões pra panela do refogado e despeje esse creme de aipim em seguida.
Vai mexendo suavemente até obter uma consistência boa.. Aí entra o bom senso... Eu, particularmente, gosto quando o creme fica mais encorpado.. A gente vai "negociando" essa consistência com a quantidade de creme de aipim aplicada.
Viva a cultura afro-brasileira... Viva o bobó de camarão.
Bon appetit... Meu rei.
PS: ja tinha me esquecido do fiozinho de azeite de dendê no final... minha amiga Paçoca chegou a tempo...merci beaucoup Paçoca!
PS: ja tinha me esquecido do fiozinho de azeite de dendê no final... minha amiga Paçoca chegou a tempo...merci beaucoup Paçoca!