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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Le Vin, Um Oásis na Barra



Ter o meu próprio estudio de gravação sempre foi um dos meus sonhos.
Minha saga começou em 1990. Comprei um computador Atari mega 2 (na época era o máximo...), que ligado ao meu teclado (via midi..) e uma bateria eletrônica, me possibilitava gravar músicas e fazer algumas pré-produções. Não era nenhuma maravilha, mas aos poucos fui investindo em mais equipamentos e precisando de mais espaço (e de mais recursos...), até que em 1998, depois de muitas mudanças pra lá e pra cá, e de quase optar por uma unidade móvel (talvez numa Kombi velha..) me associei com mme Flottante e resolvemos "fincar equipamento" num lugar mais profissional (o endereço na época era um quarto na casa dos meus pais...). O lugar escolhido foi o Downtown, na Barra da Tijuca.
Achei muito interessante o local porque além de ficar no meio do caminho entre a nossa casa (bairro de Laranjeiras...) e o Projac (que volta e meia tenho que frequentar graças ao meu ofício de compositor de música para novelas), ainda teríamos toda uma estrutura logística com bancos, cinemas e restaurantes... Restaurantes?!? Hmm.. Na verdade, fracos e médios restaurantes.
A impressão que tenho é que no Downtown os bons restaurantes não interessam. Se for barato e ruin sim.
Então fica difícil.
O Troigros ainda tentou. Abriu seu Boteco 66, no ano de 1999... Era lá que almoçávamos quase todo dia.
O Boteco, pra nossa felicidade, recebia o grande trompetista Marcio Montarroyos com sua banda nos finais de semana... Um espetáculo.
Mas como todo restaurante bom no Downtown dura pouco... Lá se foi o Boteco.
Corremos pro Loft... O Loft era um complexo de três restaurantes bons, uma loja de suco ótima e uma delicatessen maravilhosa... Localizado ao lado do Downtown, salvou nossa fome durante anos.
Porém, talvez pela razão de ficar tão perto do Downtown (fazendo jus à minha teoria...), fechou suas portas no ano passado... Desolé, como diriam os franceses.
Mas tudo isso, toda essa minha ladainha, pra chegar no Le Vin.
Esse é o restaurante que ando frequentando atualmente para almoçar com mucho gusto.

O Le Vin ja existia em Ipanema. Gabriel, meu filho (que é chef de cuisine...), passou uma temporada trabalhando por lá e acredito mesmo que tenha sido uma experiência muito boa pra ele. Gabriel faz um boeuf bourguignon dos melhores que ja comi (incluíndo na França...) prato que sempre esteve brilhando no cardápio do Le Vin.
          bacalhau com ovos, batata palha e azeitonas

        sopa de legumes


Mas esse Le Vin da Barra tem uma novidade. Além de menu executivo de ótima qualidade (sopa, prato e sobremesa...) com preço que cabe no bolso, Francisco (o dono da casa...), teve a genial idéia de instalar uma maravilhosa pâtisserie pilotada pela talentosa (e simpática...) Marjorie.

Marjorie, a pâtissier

Voces ja estão cansados de saber que pra meu gosto, os doces no Brasil são exageradamente doces. Açúcar além da conta. É cultural... Acho que vem daquelas compotas mineiras, os doces de leite etc... Over sweet pra minha boca.
le eclair devidamente mordido

Pois é, foi aí que a Marjorie se destacou... A pâtisserie do Le Vin me faz sentir um pouco em Paris.
Ao menos por alguns segundos, enquanto devoro o delicioso eclair au chocolat em pleno Barra Shopping (Quem diria?!).
Como diria um músico amigo meu: Ô sorte!!!

Le Vin
av das Américas, 4666 loja 152.
tel (21)2431-8898

sábado, 21 de agosto de 2010

Flip, Flop et Gite

A linda Paraty, cidade histórica situada ao sul do estado do Rio de Janeiro, se sacode anualmente com o evento da badalada Flip (festa literária de Paraty) quando autores, editores e amantes da literatura de todo o planeta se amontoam nas charmosas ruelas de pedras (hay que tener mucho cuidado al caminar después de unas copas de vino...) e disputam por mesas nos restaurantes locais.
Nessa oitava edição tive o prazer de ser convidado.
Mme Flottante é de familia do métier. Sua mãe, uma das mulheres mais elegantes e simpáticas que ja conheci, é uma importante editora. Sua irmã idem. Ja viu, né? Tava bem cercado na festa.
Poderia ficar aqui falando horas da festa, das palestras (amei a do Salman Rushdie...), das praias e etc... Mas como voces sabem, o assunto principal aqui é outro: a boa comida.

Paraty tem bons restaurantes. Não é tarefa difícil comer bem por lá.
Pelas ruas de pedra irregular, eu destaco o Banana da Terra (comi um peixe com pirão corretíssimo...). Mas o que valeu mesmo a viagem, além dos bons palestrantes e das praias (Trindade e Paraty Mirim 'r really greeaat...) foi mesmo o Gite d'Indaiatiba.
O Gite fica localizado a 16 km de Paraty, subindo a serra da Bocaina. Um pedacinho de terra no coração da Mata Atlântica, com um "q" da francesa Provence. Sim, porque foi alí que o francês Olivier com sua mulher Valerie se instalaram e juntos administram essa simpática pousada cujo restaurante é um must off Paraty.
Olivier e Valerie

O casal sabe mesmo receber. Eu, metido que sou, pedi pra conhecer do fogão aos lofts e de quebra um pouco de suas receitas como o raviolis de taioba e o ceviche de robalo com kiwi e manga (coisa muito fina...)
Na volta ao Rio, trouxe na bagagem da memória a vontade de voltar (com algumas ampolas de vinho na mala...) e desplugar por uns dias nesse pedacinho de paraíso.

Gite D'Indaiatiba
rodovia Rio-Santos (Br 101) Km 558
Graúna, Paraty
tel (24)3371-7174

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fat Is Taste


A foto acima dos ossos de boi generosamente recheados com um belo tutano (aquela gordurinha deliciosa...) ilustra muito bem a minha nada light teoria de que gordura e sabor estão profundamente relacionados.
Lembrando uma famosa frase do Tim Maia, quando um reporter perguntou sobre a experiência num spa, cuidando da saúde por alguns dias... Ele respondeu: "em duas semanas, perdi quinze dias..."
Pois é, nada contra o fato de cuidar da saúde com uma alimentação saudável, etc... Eu mesmo fiquei oito anos sem comer carne.
Hoje, procuro o equilibrio... Fico as vezes varios dias sem comer carne. Mas tem dias que acordo com um desejo carnívoro desesperador... Corro pra um bom restaurante do ramo e na maioria das vezes, opto pela costela de boi.
Na minha opinião, a costela é uma das partes mais saborosas do boi. É heavy? Ok, mas a gente não vai comer essas gordas delícias todo dia... Tudo na vida é equilibrio (sabias palavras de mme Flottante...)

Li certa vez numa entrevista do grande chef Alex Atala em que ele dizia: "tudo que é bom na cozinha pega fogo: gordura, alcool e açúcar". Eu concordo... o chef sabe mesmo o que está falando.
A verdade é que a relação da gordura com o sabor é uma realidade.
Taí o fois gras pra confirmar essa teoria.

O Atum por exemplo... No inverno, ele sente frio na barriga e para se proteger, acumula alí uma gordurinha saudável (essa é da boa...) que faz com que resulte numa carne rosada (o branco da gordura com o vermelho da carne..) e aí, a natureza nos brinda com uma das mais maravilhosas iguarias da gastronomia: o torô.
Só de lembrar do torô, minha boca enche de agua... o torô derrete na boca.
So, fat is taste, sem dúvida.