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sábado, 12 de junho de 2010

Habemus Vinum

Acabo de chegar de um tour pelo interior do estado do Rio Grande do Sul. Trouxe comigo boas impressões... E bons vinhos, naturalmente.
Venho acompanhando a evolução do nosso vinho desde os tempos do famoso "sangue de boi", lembra?
Pouco entendia do assunto na época (tinha menos de vinte anos...), mas não era difícil perceber o quão desanimador era o nível da sua qualidade.
Mas o que acontece é que temos que andar pra frente e evoluir... É a natureza humana, não? Bem, acho que pelo menos nesse assunto o Brasil anda melhorando sim, e muito.
Creio que os imigrantes europeus quando chegaram em terras gaúchas, viram que o clima era propício para a produção de vinhos. Trabalharam o solo, meteram a mão na massa, e com as técnicas que trouxeram de seus países de origem (Itália e Alemanha, principalmente...) colocaram em pratica e conseguiram um resultado... Começaram a fazer um vinho "caseiro", pra consumo familiar.
O resultado? Muito longe de um vinho que a gente possa chamar de bom.
Mas toda história tem seu começo, todo começo tem suas dificuldades e por aí vai.
Na segunda geração, assim como na terceira e quarta, uma preocupação maior com a qualidade começou a existir, pois passaram a fazer um vinho um pouco mais "bebível", não só pra consumo familiar, mas também para que esse produto pudesse ser vendido com alguma liquidez.

Hoje, a quinta geração daqueles imigrantes que iniciaram essa história, se dedicam a produzir um vinho para o mercado, não só o mercado brasileiro mas também o internacional... O brasileiro começa agora a ficar um pouco mais exigente até porque tem em suas mãos, nas prateleiras dos supermercados, uma grande quantidade de produtos argentinos, chilenos, australianos, americanos e do velho mundo com preços competitivos.
Nessa viagem ao sul do país com mme Flottante, ficamos quatro dias hospedados no Spa do Vinho Hotel, que está localizado dentro dos vinhedos da Miolo. Poderíamos ser mais estratégicos?
Fiquei impressionado ja na largada com as instalações primeiro "mundísticas" da Miolo. Coisa boa de se ver... Senti até uma certa esperança no Brasil que tanto anda me desanimando nas questões culturais... Deixemos de lado.
Bebi "in loco" quase todas as criações "miolísticas" e saí da degustação quase desmiolado, não tanto pela quantidade de vinho que consumi, mas pelo horário da degustação (11 hs da manhá!?!..).
Gostei do "Lote 43" (o orgulho da casa...) mas como sou um chato, vamos a minha crítica construtiva: acho sim que eles andam passando um pouco do limite na questão da madeira.
A Madeira é um componente interessante quando aplicado com cautela. Claro, todos sabemos que ela "esconde" as características do vinho. Então, vai aí o pedido desse "desmiolado" pra Miolo: na proxima safra, por favor, vamos "mixar" esse vinho com menos "reverb"
Um grande prazer foi conhecer pessoalmente a familia Lidio Carraro.
Proud Mom com seus filhos, a quinta geração. Nos apresentaram bons vinhos, produzidos nos dois vinhedos da empresa, um em Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos e outro em Encruzilhada do Sul, na serra do sudeste. Essa familia vem inovando com uma serie de tecnicas no plantio e no procedimento da vinificação e importante: zero madeira.
Levam muito à sério, falam em sanidade da uva, e adiantam um conceito bio que trará em 2010 um vinho sem a utilização de agrotóxicos.
Não é a toa que ganharam um premio recentemente na Bélgica e em 2010 brindaram com fogos de artificio no final da colheita pois segundo eles, foi de qualidade excepcional.
Mas a grande e feliz surpresa foram os tintos da Salton.
Puxa, e eu que quando pensava em Salton só me vinham as borbulhas na memória. Sim, o espumante era tudo que eu conhecia (e ja gostava...) da Salton. Não sabia mesmo das suas aventuras nos rouges.

Pois estávamos já com as malas no carro taking our way to Porto Alegre, backing home, quando resolvemos dar uma passada para conhecer as instalações da Chandon. Fomos barrados na entrada. Era horario de almoço e só abririam as portas duas horas depois... Pas de problème. Lembramos da Salton, que era também perto e partimos com tudo.
Fomos atendidos por uma simpática e eficiente vendedora que nos apresentou todos os líquidos da casa.
Gostei muito do Pinot Noir e mais ainda do Talento 2006 que é um corte de cabernet, merlot e tannat.

Voltei para o Rio de Janeiro com a mesma felicidade que tinha quando ligava as rádios e ouvia aquelas músicas boas dos anos setenta... Deixemos de lado.

17 comentários:

  1. Lindas as fotos e excelente o post, lembrei logo daquele filme Sideways, na rota dos vinhos pela Califórnia. Tenho certeza que antes do que se espera, estaremos produzindo um vinho para lá de decente. Isso sim, que venham com preços justos.

    Um abraço,

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  2. verdade... ja temos alguns bons, porém ainda caros.
    a questão da taxação aqui no Brasil não ajuda..parece que o governo não quer incentivar quem produz.
    abs
    Alain G

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  3. Também estive recentemente no sul e acho que fizemos o mesmo tour. Realmente os imigrantes trouxeram a prática e o amor aos vinhos. Eu particularmente gosto muito do vinho tinto Cabernet da Zanrosso e do espumante da Omerwein... Realmente tudo muito bom...
    Adorei o blog
    angel

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  4. Angel,
    muito obrigado pelo carinho e pelas dicas... vou procurar esse Zanrosso e o espumante da Omerwein.
    apareça sempre por aqui.
    bjs
    Alain G

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  5. Chefe, como gostei desta sua postagem! Ainda não entendo muito de vinhos. Mas estou aprendendo aos poucos. Adorei as fotos. Vou querer fazer esta viagem também! Se tiver um tempinho... postei uma receita que eu acho que você vai gostar! "Bananas au Gratin"

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  6. querida Paçoca,
    muito obrigado pelo carinho.
    adoro bananas... au gratin deve ser um luxo.. imagino que voce convocará um sorvete de vanille para acompanha-la.
    apareça sempre
    bjo
    Alain G

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  7. Monsieur Alain, excelente post! Vou fazer um similar no meu novo site, o We Are the Foodies em www.wearethefoodies.com . Estive em Bento no Natal (friiiiio!) de 2008, me hospedando na Valduga - recomento! Sinceramente, fugi da Miolo e Salton para connhecer outras menores, boutiques de vinho. Me encantei com a Lidio Carraro! Tive que contratar serviço de motorista pois nesse dia bebemos muuuuito. Parei em acho que 8 ou 9 vinícolas, fora a Valduga, por onde andamos nos seus subterrâneos com as pernas bambas, mas nos deliciando com as maravilhas do belo, educado, gostoso e recomendável sul do Brasil.

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  8. Christian,
    da gosto de ver né? Estamos aprendendo a fazer bons vinhos.
    isso é maravilhoso.
    apareça sempre por aqui.
    forte abraço
    Alain G

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  9. Belo texto, Mu. Também estive na Miolo em viagem recente pelo Sul. Eles gostam de exaltar o famigerado Lote 43.
    .
    Quando tiver oportunidade, visite a vinícola Villa Francioni, em São Joaquim (SC), onde há vinhos melhores do que os da Miolo. Abraço!

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  10. Cerquize querido,
    muito obrigado pelas carinhosas palavras.
    o Villa Francioni produz vinhos de grande qualidade.
    sou fã deles desde o inicio, quando lançaram o "Lote I", um branco ótimo... gosto também do rouge Joaquim.
    apareça sempre por aqui.
    forte abraço
    Alain G

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  11. Chefe o sr está de dieta? Não tem postado mais suas aventuas culinárias.!

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  12. querida Paçoca,
    muito obrigado pelo carinho.
    dieta não estou, mas reconheço que ando menos guloso por esses dias.
    explico melhor: ando as voltas com minha função de compositor e produtor musical, e em plena correria com a nova novela das 19hs, Ti Ti Ti. Fazendo música aos montes... Tal qual uma fabrica de pizza.
    prometo que ja ja volto com algumas historias que provoquem as nossas papilas gustativas.
    bjos
    Alain Gouste

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  13. Chefe, sou eu de novo. Mas é que ultimamente tenho lido este blog de uma "patricia" e resolvi compartilhar com os amigos. Como vão as coisas no Projaquistão? Sexta-Feira vou lá perto, ainda não sei o que colocar nas malas. Aceito Sugestões

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  14. querida Paçoca,

    sempre bom ler suas palavras.
    Bem, no ProjaCquistão ainda não chegou a boa comida. Isso lá ainda é uma lenda.
    Temos por lá dois restaurantes fracos, uma casa do pão de queijo e uma lanchonete Bobs (argh...)
    Portanto, recomendo na mala uma quentinha, aquela comidinha caseira simples porém gostosa e honesta.
    bjos

    Alain G

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  15. As cerejas são de água na boca!!!
    Abraço
    angel

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  16. Então, fiquei com vontade de beber um bom vinho agora...rsrs..e como sou fã da Salton, abrirei um. Adorei o blog, parabéns!
    E tens razão, se a linha evolutiva da nossa música seguisse o mesmo rumo de quem se preocupa com o bom vinho estaríamos a salvo de grande parte dos sons que esbarramos por aí hoje!
    Bj

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  17. Ligia querida,
    obrigado pelo carinho.
    apareça sempre por aqui
    bjs
    Alain G

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