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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Chez Alain III... O Tempo Passa A Não Existir


"A amizade permanece e o tempo passa a não existir..." Que lindo isso.
Eu li esta frase num comentário da foto acima que o Zé Renato postou no Facebook, justamente quando eu estava começando a me concentrar pra escrever este texto, ainda sob o efeito da recente emoção de reencontrar meus velhos amigos ao redor da minha mesa... Sim, com boa comida e bons vinhos.

Minha primeira banda nasceu em Ipanema. Dos festivais do Colégio Rio de Janeiro, aonde o Claudio Nucci e o Zé Renato revezavam entre os primeiros e segundos lugares no ranking. Sim, os dois ja eram naquela época compositores de primeira.
Puxa, que sorte a minha... Eu começava a namorar as teclas do piano e dei de cara com eles... Zé Luis na flauta e sax, e o Claudinho Infante (ainda na percussão antes da bateria..), que era o mais novo do grupo mas ia também com a gente pro Bar Jangadeiros mesmo sem beber um chope. O Claudinho, hoje, é baterista disputado a tapas pelos maiores nomes da MPB.
Tinha também o flautista Marcio Resende, que mora atualmente no norte do país, e o Fernandinho Barroso, violonista e baixista, que não estavam presentes nesse jantar.
Sempre acabávamos as noitadas com um sarau na casa dos pais do Fernandinho Barroso.
Puxa, sentimos falta do Marcio e do Fernandinho...assim como da Losinha, da Memeca e do Mario Adnet. Mas tudo bem, outros vão rolar...
Fernando trocou o violão pelo bisturí mas até hoje anda por aí às voltas com a música.
Juca Filho, o poeta da turma, não poderia faltar... Puxa, só pra citar algumas do Juca eu lembraria de "Quem Tem a Viola" e "Toada"... Não preciso falar mais nada... E o Alberto Rosenblit? De todos eles, é quem eu encontro com mais frequência, às voltas com as trilhas da TV Globo. Rosenbla eu posso chamar de irmão... Quando saí do Semente (nome dado ao grupo depois que abandonamos "Pessoal Levanta"...), o Alberto me substituiu. Já começava a me envolver com Moraes Moreira e, logo depois, a Cor do Som. Rosenbla além de grande compositor é dotado de uma caneta belíssima para arranjos de orquestra.
Outro amigo querido é o Zé Renato. Com o Zé tenho também afinidades na área da gastronomia. Ele é um gourmet nato, além de botafoguense. O Zé tem uma voz abençoada... Puxa, que timbre ímpar. Sempre fui fã dele. Composições e interpretações... Deep respect.
Temos histórias divertidas a respeito de uma possível semelhança entre a gente nos tempos da Cor do Som e Boca Livre... Lembramos disso num show dele em que eu fiz uma participação.
O Claudio Nucci eu costumo dizer que foi uma escola pra mim. Aprendi muito com aquelas harmonias nada simples que o Claudio tocava no seu violão. Quanto talento tem o Claudio... Com ele fiz muitas músicas mas "Sapato Velho" é com certeza a mais conhecida.
Lembro como se fosse hoje. A gente brincando de criar melodias... Fomos desenvolvendo uma ideia inicial e, quando vimos, tava pronta. Entregamos nas mãos do Paulinho Tapajós... Puxa, o Paulinho foi de uma felicidade também impressionante.

Mas esse encontro vem sendo combinado desde que o Zé Luis, que mora em New York há mais de duas décadas, vem falando em passar uns dias aqui no Rio.
Instrumentos à parte, permita-me mudar o assunto para as papilas gustativas.
Claudinho Infante e Taryn Szpilman, mulher dele (e grande cantora...), não comem carne. Pas de problème, também fiquei oito anos da minha vida sem comer carnes, o que me deu um background encorpado pra pensar num repertório interessante no meu velho fogão. Aliás, velho também no sentido literal, não vejo a hora de troca-lo por um novo.
mousse de chocolate com amêndoas torradas
O MENU
amuse bouches:
_sopa velouté de espinafre com azeite de trufas brancas (no copinho)
_musseline de baroa com amêndoas torradas (no copinho)
pratos na mesa:
_risoto de aspargos façon du chef
_finas rodelas de batatas no forno com alecrim
_como alguns não abrem mão de uma proteína, fiz um boeuf bourguignon (musculo cozido no vinho tindo por oito horas em fogo brando...)
Encerramos com a minha já conhecida mousse de chocolate com amêndoas torradas e com o luxo dos bombons maravilhosos feitos pela querida Dri Gonçalves, cantora e mulher do Claudio Nucci.
as ampolas da noite


Talheres à parte (plageando a querida amiga Maria José), não poderíamos deixar a música por conta apenas do meu cd player, considerando o time que estava alí formado.
Quebramos o gelo, eu e Mme Flottante, com o clássico "A Love That Will Last", da maravilhosa Renee Olstead. Em seguida, foram lembradas várias do nosso velho tempo. Alberto sentou no piano "De Bem Com A Vida"(e com a simpática e querida Leila...), Claudinho, Zé Luis com sua flauta, Nucci, Juca e Zé Renato.. Violões e corações.

"A amizade permanece e o tempo passa a não existir..."

12 comentários:

  1. Por isso digo: o "sussesso" não etá em realizar, mas em permanecer na realização!!!

    Assim, permaneçamos caros amigos!!!

    V. S.

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  2. Prezado Chef,
    Parabéns pelo cardápio caprichado. Acredito muito no carinho da boa mesa. Lendo o seu texto me lembrei também de um pedacinho da minha juventude e vocês são a trilha sonora dela. Tem uma frase que eu adoro e que diz assim: A minha memória é a do coração, guardo fiel lembrança de tudo quanto amei! Li no caderno de uma tia velha e estava atribuido a um Napoleão, nunca soube se era o Bonaparte!!!
    Você faz a sua mousse com manteiga ou com creme? Bjs da paçoca

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  3. querido VS,
    é isso mesmo...permanecer na realização.
    obrigado pelo carinho

    Paçoca,
    na minha mousse uso manteiga.
    tem a receita postada qui no blog...no mes de fevereiro.
    da uma conferida.
    obrigado

    AG

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  4. Alain, agradeço-lhe mais uma vez, e também a querida Mme Flottante, foi uma noite pra não esquecer. Conversas ótimas regadas a boa comida e bebida. Cada vez que a campainha tocava anunciando a chegada dos amigos o coração ia ficando mais feliz. Aproveitei a oportunidade de vê-lo em ação orquestrando o menu que estava irretocável, desde a preliminar como a delicada combinação da sopa de espinafre com o azeite de trufas,a musseline passando pelo boeuf, risoto, a mousse, que deleite... e ainda tivemos os bombons da Dri, foi um privilégio. Vou aguardar a próxima convocação e dessa vez faço questão que a cantoria se estenda
    abraços

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  5. Mon cher Alain,
    Sem dúvida alguma, um encontro histórico!
    Especialmente neste post, passo batido por sua talentosa griffe gastronômica porque Milton sopra aos meus ouvidos "amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves dentro do coração...". Fiquei muito emocionada com este seu texto porque bem sei o quanto esses meninos te são caros e o tanto de admiração mútua que rola por aí. Pudera! Cada um deles, em suas especificidades artísticas, é um Mestre. Assim como você, querido.
    Muitos beijos da sua eterna admiradora,
    Losinha ;-)

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  6. Zé querido,
    com certeza faremos mais, e no proximo mais música e com a presença da Losinha e da Memeca...
    bjo
    AG

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  7. Losinha,
    sentimos sua falta e da Memeca...e também do Fernandinho Barroso.
    Mas esse foi o primeiro meeting..o start de algo muito bacana que espero caminhar para o meu estudio e finalmente registrar aquele repertorio fantástico que até hoje nunca foi gravado.
    no proximo, poderíamos fazer um almoço com menos comidiinhas e mais música.
    bjo
    AG

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  8. Chef,
    li a receita da mousse (porque será que tem gente que fala no masculino?)> Vou fazer. Mas gostaria de saber se as amêndoas quando colocadas na mousse não perdem a crocância depois de um tempo.

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  9. Oi Paçoca,
    muito boa pergunta.
    E de fato, isso acontece...o ideal seria torrar as amêndoas e despeja-las no momento de servir por sobre a mousse...uma outra ideia seria servir um pote de amendoas torradas ao lado da mousse, assim cada um colocaria a gosto sobre sua porção.
    obrigado pelo interesse
    abs
    AG

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  10. Alain Gouste,
    Combinar pessoas tão queridas com um cardápio impecável....A receita ficou nobre, boa de saborear.Parabéns!!! Adorei seu blog!!
    bjs
    Leila

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  11. queridissimo amigo allain, sua comida harmonizou-se lindamente com nossos sentimentos de amizade e a felicidade de se estar apenas vivo e ali. como dissemos, não era uma cena, um ato de teatro, um verso, um acorde, era simplesmente a grande, bela e harmoniosa vida real. que outros encontros venham, serão benvindos. mas este será , sempre e absolutamente, inesquecível. Santé!

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  12. Juca querido,
    belas palavras..como sempre as belas palavras andam com voce.
    faremos outros desse... bien sur
    forte abraço
    Alain G

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