Bem lembro, ainda criança passeando com a minha mãe, quando entramos certa vez no antigo Centro Comercial de Copacabana (acho que no segundo piso..) pra tomar um suco onde talvez tenha sido a primeira casa desse ramo no mundo.
Será que já existia isso antes? Uma casa com aquela fartura de frutas brasileiras batidas na hora? Acho que não.
Alguns anos depois, inaugurava o "Le Bon Jus" na Praça General Osório... Pertinho da minha casa (pra minha felicidade..). Era lá que eu tomava meu café da manhã antes da praia... Um suco (de manga, talvez...) e um sanduba de queijo minas fresco... E bóra pro Castelinho, no 8.
Um tempo depois, o Balada no Leblon era o point da galera no final da noite (nos dias "não" de chope...)
O Balada ainda está lá no mesmo endereço, assim como o Bibi (que ainda abriu outras lojas pelo Rio...) e também o bom e velho Polis Sucos em Ipanema, na Praça da Paz.
Nicolas Krassic, grande músico e amigo, é um devoto das casas de sucos cariocas.
Violinista de formação erudita, com forte experiência também nas águas do jazz, Nicolas deixou para trás a França, sua terra natal, e por afinidade musical veio morar no Rio.
Hoje é uma das autoridades do nosso choro e forte presença nas noites da Lapa.
Monsieur Krassik já domina a lingua portuguesa tão bem quanto o repertorio de Pixinguinha e Ernesto Nazareth.
Gosto muito de provoca-lo com temas de sua vinda definitiva de Paris para o Rio de Janeiro:
"Como voce conseguiu abandonar aqueles vinhos, os restaurantes, os 360 tipos de queijos e a super pâtisserie française?" E ele é rapido na resposta: "Ah, mas lá não tem as nossas casas de sucos".
Bom, deu pra sentir que o coração do francês se abrasileirou mesmo... Também, tocando o choro como ele toca... Só pode ter sido carioca na outra encarnação.
Outro dia, ligo a TV e me deparo com a Marilia Gabriela entrevistando o chef Alex Atala e a querida Roberta Sudbrack. Sou fã dos três... Um momento em especial me chamou a atenção naquela conversa, quando a Marilia perguntou para o Alex: "Se voce tivesse que escolher, qual seria a sua última refeição?". E ele diz que seria uma fruta... Para ser mais preciso, a manga. E ainda explica que a fruta é a síntese da perfeição... Um belo presente da Natureza. Marilia completa o papo falando que quando ela come uma manga, ou alguma outra fruta, ela pensa: "É, acho que Deus existe".
Não é genial isso? Eu me identifiquei inteiramente com eles. Por diversas vezes, eu também relacionei a perfeição de uma fruta com a existência de Deus.
Hoje rolou um revival... Andava nas ruas de Ipanema pela manhã (às voltas com operações bancárias...) quando aconteceu um lindo momento de sincronismo da minha fome com o Polis Sucos... Estávamos de frente um para o outro. Não tive dúvida. Pedi um de manga e fiquei admirando a humanidade rumo ao 9...